O que é Luto Afetivo de Pessoas Vivas?
Quando se fala em luto, estamos
nos referindo a uma fase, em que as pessoas passam por causa da perda física de
uma pessoa a qual se tem afetividade.
Entretanto, o que é luto?
O luto segundo John Bowlby, são
conjuntos de reações que as pessoas apresentam ao experenciar uma perda
significativa que normalmente está associada à morte de outro ser. Vale
salientar que, tal fase não está restrita a morte de outrem, podendo ser vivenciada
também, em caso de perda de pessoas vivas.
O luto não é uma doença, com afirma Verena Kast, é uma reação sensata e normal
à perda, e nos ajuda a lidar com a mesma. Isto é, uma reorganização de nossa
vida sem essa pessoa. Este processo, no entanto, demanda tempo e é individual.
Vivenciar o luto nos ajuda a
reencontrar a alegria, ou seja, o luto faz
parte da existência humana. É uma fase de ausência do outro, sendo que este
outro poderá ser: uma mãe, pai, namorado(a) ou marido/esposa, parente próximo
ou amigo.
Muitas vezes, o luto pode ser encarrado como o sair de um relacionamento que
ainda havia laço afetivo forte. O luto afetivo de
pessoas vivas, surge em decorrência da ruptura afetiva de uma relação
(parental, parceiro amoroso ou amizade), e tal perda equivale, a um passamento físico de uma pessoa, ou seja, uma morte.
Destaco aqui 4 tipo ou perspectiva de luto afetivo de pessoas vivas: a) na perspectiva de rompimento de um romance, b) parentes com doença degenerativa, c) rompimento com familiares (pais), e d) rompimento de amizade de acordo com (Lukelo, 2022).
É fato que muitas pessoas após o rompimento de um relacionamento acham que a vida não tem valor
ou sentido, que não é possível viver sem esse amor. Parece que para elas, a
vida só tem sentido quando se usufrui da presença do outro (namorado(a), marido
ou esposo, amigo).
Neste viés, isso é mais uma dependência do que amor, de acordo com a Drª. Ana Beatriz,
nos relacionamentos afetivos, às
vezes temos ou há, “sepultamentos necessários de pessoas que só nos foram
nocivas”. Isso também requer tempo e reestruturação.
Portanto, perdas significativas provocam sentimentos de tristeza e quando
experenciamos esses sentimentos inicia-se um processo de luto. O luto é um processo emocionante difícil, porém
pode ser libertador também, a despeito daqui que se perdeu um novo foco é
renovado em si mesmo e na vida, de acordo com Verena
Kast.
Por mais
difícil que seja, porém, “a maior de nós já teve que sepultar alguém dentro de
si”. A seguir, alguns relatos do que
as pessoas pensam sobre o luto afetivo de
pessoas vivas:
“Existe muito luto de pessoas
vivas relativo às amizades e parentes”
“Existe luto de amizades que se
desfizeram, parentes que brigaram e não se falam. Luto
afetivo de pessoas vivas, sem ser de relacionamento de casais”
“Uma dor absurda ser viúva de marido vivo. Todo amor e respeito vira mágoa”
“Acho que esse tema deve ser analisado sob uma perspectiva mais ampla. Nem
todo mundo que se vai de nossa vida tem a ver com amor romântico. Muitas vezes,
são pessoas muito próximas que deixam um vácuo muito maior que parceiro
romântico. São pessoas inclusive com laços de sangue e que nos surpreendem com
uma partida abrupta. Ainda que, relacionamentos não sejam tão perfeitos, há
pessoas que jamais poderíamos supor que fosse nos dar as costas
definitivamente, sem nem sequer sentar e conversar para formalizar um adeus.
Isso é muito pior que o rompimento de um romance.”
“Na minha humilde opinião é o luto
de pessoa viva é mais difícil pois você tem que matar a pessoa que está viva,
mas dentro de nós. É muito sofrido, mas a gente consegue. Com terapia e auto amor, o nosso emocional é
recuperável. Dói, demora, mas aos poucos a gente se torna uma fênix.”
“Temos que criar um bom relacionamento
com a gente mesmo, não podemos colocar a nossa vida na mão de ninguém, devemos
ter inteligência emocional.”
“O pior luto é das pessoas que
cuidam de seus parentes que perderam a memória (Alzheime ou outras demências) e
não lembram mais que você é, e quem eles mesmos são!”
“Luto de pessoas vivas vai
muito, muito além da viuvez. É a perda de pais, filhos, irmãos e amigos!
Distância ignorada de pessoas que consideramos e temos afetos. É sobre esse
luto.”
“Acho importante viver o luto de
final de relacionamento sim. Até para não correr o risco de levar fantasma para a próxima
relação. Porém, concordo que ninguém deve ser o oásis no deserto da vida de
ninguém.”
Ver também: Vínculos Quebrados: Compreendendo o Luto Afetivo
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